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Ucrânia evita cerco em batalha que pode influenciar apoio dos EUA

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A Ucrânia está tentando evitar que suas tropas sejam cercadas em uma batalha crucial contra a Rússia na cidade de Pokrovsk, na frente leste da guerra. A queda da cidade seria uma vitória política importante para o ditador Vladimir Putin, que afirma que a região de Donetsk, onde fica Pokrovsk, já foi incorporada ao seu país mesmo sem que suas tropas consigam ganhar a totalidade do território. O desfecho da batalha pode ser o evento militar mais importante da guerra em 2025 e influenciar o apoio dos Estados Unidos à Ucrânia.

Segundo analistas internacionais, vencer em Pokrovsk pode dar um argumento à narrativa falsa de Moscou de que uma vitória russa na guerra seria inevitável. Já a Ucrânia tenta passar a Washington a imagem de que tem condições de conter a Rússia se receber o apoio adequado.

Enquando isso, a Rússi lançou neste sábado um ataque aéreo com mais de 450 drones e 45 mísseis que atingiu 25 cidades, deixou seis mortos e causou apagões que deixaram milhares de pessoas sem luz e aquecimento por todo o país.

Pokrovsk está localizada a cerca de 700 quilômetros da capital ucraniana Kyiv e vem sendo alvo de ataques russos há 21 meses. Ela é um importate entroncamento ferroviário e seu controle é considerado estratégico. Se Pokrovsk cair, a Rússia terá mais facilidade de atacar as cidades do chamado cinturão de defesa de Donetsk, formado por cidades como Kramatorsk, Sloviansk e Konstiantynivka. Mas é altamente improvável que as tropas russas cheguem perto dessas cidades ainda em 2025.

A Rússia tem concentrado seus maiores esforços da ofensiva deste ano em Pokrovsk e na cidade vizinha de Myrnograd, que respresenta apenas cerca de 5% de toda a linha da frente.

Isso demonstrou a importância desmesurada desta cidade relativamente pequena para Moscou, argumentou Oleksandr Kovalenko no sábado, em nome do Grupo de Resistência Informativa.

“Sua captura se transformou em uma questão de reputação para a Rússia”, sublinhou, sinalizando que o exército invasor concentrou 150 mil soldados para capturá-la antes do final de 2025.

Apesar da superioridade numérica da Rússia, as forças ucranianas mantêm o controle do norte da cidade e contra-atacam os distritos do sul que estão caindo sob o controle russo, segundo os últimos relatórios de analistas militares ucranianos. Em uma ação ousada no último dia 31, a Ucrânia enviou tropas de helicóptero para reabrir estradas e linhas de comunicação para a chegada de reforços.

Segundo o Instituto de Estudos da Guerra, a Rússia envia todos os dias ao menos 300 soldados a pé com o objetivo de destruir bases de operação de drones da Ucrânia. O elevado número de combatentes e ataques constantes de infantaria têm impedido os ucranianos de decolar seus drones e a batalha se tornou um combate casa a casa de curta distância.

Luta pelo apoio dos EUA

A luta continua enquanto “todos aguardam” os próximos passos de Washington, enfatizou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em uma coletiva de imprensa na sexta-feira (7).

“A Rússia teme muito as decisões drásticas que os Estados Unidos poderão tomar caso não obtenham sucesso no campo de batalha”, afirmou ele.

Segundo Zelensky, Pokrovsk é a prioridade da Rússia, que espera que a tomada da cidade ajude a conquistar Donetsk e convença os líderes americanos a não imporem mais sanções a Moscou, pressionando, em vez disso, o governo de Kyiv a abrir mão da região.

Entre 20 mil e 30 mil soldados ucranianos lutam para impedir isso, enquanto a Ucrânia busca eliminar grupos russos dentro de Pokrovsk e repelir a tentativa russa de cercá-la pelo nordeste, escreve o coronel da reserva Kostiantin Mashovets em seu blog.

Assim como a maioria dos observadores, Mashovets acredita que a Ucrânia não possui as forças necessárias para alterar radicalmente a situação, o que levou o país a apelar por ajuda.

As tropas russas têm vantagem em efetivo e equipamento, admitiu Andriy Gnatov, chefe do Estado-Maior do exército ucraniano ontem.

No entanto, Gnatov se recusou a confirmar ou negar uma possível retirada, ressaltando que qualquer decisão só será tornada pública quando não representar mais risco para a vida dos soldados ucranianos que continuam a defender a cidade e a vizinha Myrnograd.

A defesa continua

Além dos cálculos políticos, a defesa da cidade tem sentido militar. A perda de Pokrovsk seria um grande golpe para a Ucrânia, dada a sua importância como centro logístico, escreve Viktor Kevliuk, do Centro de Estratégias Defensivas da Ucrânia, para o site de notícias da Ucrânia LB.ua.

A Rússia então concentraria forças ali para lançar novos ataques contra a região de Dnipropetrovsk, a oeste, e Dobropillia, Sloviansk e Kramatorsk, importantes bastiões na região de Donetsk, ao norte.

A defesa, embora difícil, impede que uma grande força russa ataque outro ponto da linha de frente.

Segundo a correspondente militar independente Anna Kaliuzhna, os soldados ucranianos estão longe de desistir.

Muitos estão preparados para continuar lutando na cidade, usando posições que conhecem bem e que ocupam há muito tempo, especialmente se os contra-ataques aliviarem a pressão sobre as linhas de suprimento e chegarem reforços.

A esperança é que as considerações políticas de manter Pokrovsk pelo maior tempo possível sejam apoiadas pela capacidade do exército ucraniano de infligir mais baixas ao inimigo do que sofrer.

Especialistas concordam que a perda de Pokrovsk não levaria à derrota militar da Ucrânia e apontam que, desta vez, o país preparou fortificações além da linha de frente para uso em caso de retirada.

A menos que ocorra um colapso catastrófico improvável, a Rússia levaria anos para capturar toda a região, disse à EFE Oleksi Melnik, ex-assistente do ministro da Defesa e analista do Centro Razumkov.

Decisões oportunas da liderança ucraniana e o apoio do Ocidente determinarão o curso dos acontecimentos, enfatizam Melnik e outros analistas.

  • O vaivém de Donald Trump sobre a Ucrânia
  • Ucrânia anuncia ter destruído oleoduto próximo a Moscou

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