Durante participação no podcast Inteligência Ltda., publicada nesta quinta-feira (7), o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), evitou embate direto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas criticou a sua fala sobre traficantes, e teceu elogios ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
O governador evitou ataques diretos ao presidente, afirmando que não quer politizar a Operação Contenção. “Não quero mais ficar rebatendo declaração de ninguém, porque fica parecendo que a gente está fazendo isso aqui por política”, afirmou. A entrevista teve cerca de duas horas de duração.
“Você tem todos os analistas que podem fazer as críticas do que cada um fala. Nessa operação, eu falei que se qualquer secretário meu respondesse qualquer um, e olha que o pessoal lá falou para chuchu, seria demitido imediatamente”, disse Castro.
Porém, o governador do Rio de Janeiro não deixou de criticar as declarações do presidente Lula de que os traficantes de droga também seriam vítimas dos usuários. A crítica a Lula veio no momento em que Castro tenta equilibrar-se entre a base bolsonarista, que defende a operação, e a necessidade de manter interlocução com o governo federal, responsável por parte dos recursos da segurança pública no Estado.
“É lamentável. Com certeza é lamentável. E mostra que talvez seja uma visão sob um prisma da ideologia política. É muita gente falando no ouvido. Uma coisa anacrônica também, uma visão romântica lá do passado, sobre o criminoso lá do passado já. E [esse criminoso] mudou”, disse Castro.
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Cláudio Castro elogia atuação de Alexandre de Moraes: “fiquei super feliz”
No podcast, Castro elogiou a visita de Alexandre de Moraes ao Rio de Janeiro, realizada após as ações policiais que deixaram mais de 100 mortos, sendo quatro deles policiais. O governador afirmou que a visita “foi muito legal” e que o ministro Alexandre de Moraes cumpriu um papel regimental e técnico ao vistoriar o andamento das investigações, tendo em vista que ele é relator temporário da ADPF 635, conhecida como “ADPF das Favelas”.
Cláudio Castro destacou que o ministro Alexandre de Moraes esteve acompanhado de representantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) na visita ao Rio de Janeiro e classificou o encontro como positivo e transparente.
“Achei que ele estava no papel dele de relator e fez as perguntas. [Muitos criticaram] ele ir ao local, eu não acho errado. Acho até bacana uma alta autoridade sair do gabinete para ir pro local”, disse o governador sobre a ida de Moraes ao Centro Integrado de Comando e Controle (CICC).
“Mostramos a tecnologia das câmeras, mostramos a câmera embarcada. Ele viu uma câmera funcionando na mesma hora, pôde ver o nosso centro de monitoramento. É bacana até para entender o nível de tecnologia em que estamos”, complementou.
“Achei super positivo, acho que o ministro teve condição de saber a realidade. Parece que ele ainda foi no Tribunal de Justiça, no Ministério Público, na Defensoria, na Prefeitura. Bacana ele poder estar vindo aqui e entender o que realmente aconteceu. Eu fiquei feliz, sinceramente, fiquei super feliz” concluiu Castro, afirmando que tem tranquilidade sobre as provas que respaldam o planejamento e a transparência da Operação Contenção.
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Operações sob pressão política
Durante o programa, Cláudio Castro voltou a defender a megaoperação no Complexo da Penha e afirmou que ela “não pode ser apenas uma operação, tem que ter sido o início de um movimento”.
Ele negou que interfira politicamente nas operações policiais. “O Rio de Janeiro hoje tem uma política de segurança baseada na estruturação, na inteligência, na investigação. E isso fez com que eu tomasse uma decisão: as polícias serão completamente independentes para fazer toda a investigação. Não existe mais governador metendo o bedelho em investigação”, afirmou.
“Eu tenho visto autoridade falando assim: “A polícia tal vai investigar isso”. É repugnante uma autoridade mandando investigar qualquer coisa. Governador, presidente, ninguém pode mandar em polícia. A polícia tem que ser independente e técnica”, defendeu.
Apesar de ser filiado ao PL e aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Cláudio Castro procurou no podcast reduzir o tom de confronto com o governo federal e com o STF. Disse que recebeu e continuará recebendo “todos que queiram ajudar o Rio de Janeiro”.
“Aqui a gente não tem essa, quem quiser debater numa boa, eu debato com qualquer um”, afirmou. Com a fala, o governador tenta manter-se como uma das principais vozes da segurança pública no país, reforçando o discurso de autoridade técnica e de independência institucional, sem romper completamente com o governo Lula.
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