As declarações foram feitas na madrugada deste sábado (manhã no horário local) durante declaração conjunta com o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahimi, após assinatura de acordos entre os dois governos.

Lula se referiu ao que entende ser a missão de um governante, que é “cuidar do povo que representamos, cuidar dos mais necessitados”, e também foi uma direta ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que pleiteava o Nobel da Paz deste ano, atribuído à venezuelana María Corina Machado.

Lula afirmou que a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP30), a ser realizada em novembro em Belém (PA), será a COP da verdade. “Vamos ter de dizer se acreditamos ou não nas coisas que a ciência está nos dizendo”, disse Lula.

O presidente brasileiro está no país para participar da 44ª Cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático), domingo e segunda-feira. É a primeira vez que um chefe de governo brasileiro participa de uma reunião da entidade, formada por dez países (ao qual se associará Timor Leste nesta cúpula).

Lula fez a declaração ao criticar a paralisação de instituições multilaterais como a Organização das Nações Unidas (ONU). “O Conselho de Segurança [CS] da ONU não existe mais. Todas as atuais guerras são deflagradas por integrantes do CS da ONU, que não consultam mais o Conselho de Segurança”, afirmou Lula, se referindo à guerra entre Rússia (membro permanente do CS da ONU) e Ucrânia, entre outros conflitos.

Lula criticou ainda o fato de as pessoas acabarem normalizando os conflitos, citando especificamente a “duração” da guerra entre Rússia e Ucrânia e o “genocídio que Israel comete em Gaza”. “Quem se conforma com a duração da guerra entre Rússia e Ucrânia, quem se conforma com o genocídio em Gaza, com o uso da fome de uma criança como forma de torturá-la, achar isso normal não é ser normal”, disse o presidente brasileiro, atribuindo essa normalização à falta de uma governança global.

Isso, no entender de Lula, é o que dará o caráter da Conferência do Clima no Brasil no mês que vem. “Nós não tomamos atitude para evitar que o planeta seja destruído, com os acordos não respeitados”, disse Lula. Ele acrescentou que os desastres climáticos vão afetar as populações mais pobres. “Nós, líderes, teremos de decidir o que fazer, pensando no planeta, é isso que nos faz falta hoje”, afirmou Lula.