O regime islâmico do Irã anunciou nesta terça-feira (14) a condenação de dois cidadãos franceses a penas superiores a 30 anos de prisão por espionagem, conspiração contra a segurança nacional e colaboração com Israel. Segundo a agência estatal Mizan, vinculada ao Poder Judiciário iraniano, ambos foram detidos em março de 2023 e seriam “funcionários do serviço de inteligência da França”.
De acordo com o comunicado, um dos franceses recebeu seis anos de prisão por espionagem para a inteligência francesa, cinco por conspiração contra a segurança nacional e outros 20 por colaboração com Israel. O segundo foi condenado a 10 anos por espionagem, cinco por conspiração e 17 por cooperação com o Estado israelense. As sentenças, cuja data de emissão não foi informada, ainda podem ser apeladas na Suprema Corte iraniana em um prazo de 20 dias.
As condenações ocorrem em meio a um histórico de tensões entre Teerã e países europeus por causa da prisão de estrangeiros e binacionais, prática frequentemente denunciada por governos ocidentais como “diplomacia de reféns”. Atualmente, cerca de 20 cidadãos europeus permanecem detidos em território iraniano.
O anúncio veio uma semana após o Irã libertar o jovem franco-alemão Lennart Monterlos, de 19 anos, detido em junho enquanto viajava de bicicleta pelo país. O estudante havia sido acusado de espionagem, mas foi absolvido dois dias antes de sua libertação.
Além dos dois condenados, outros franceses continuam presos em Teerã. Entre eles estão a professora de literatura Cécile Kohler, de 40 anos, e seu companheiro Jacques Paris, de 70, detidos desde maio de 2022. Ambos foram presos no último dia de uma viagem turística e, segundo o governo francês, são vítimas de “prisões arbitrárias”.
Em maio, Paris chegou a acionar a Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, acusando o Irã de manter “reféns de Estado”. A denúncia foi retirada em setembro, quando o regime iraniano sinalizou abertura para uma troca de prisioneiros. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Ismail Baghaei, afirmou que Teerã espera trocar “em breve” dois cidadãos franceses por uma iraniana detida em Paris.
A mulher em questão é Mahdie Esfandiari, de 39 anos, presa em fevereiro sob acusação de “apoiar o povo palestino” em publicações nas redes sociais. O governo iraniano exige sua libertação como parte de um acordo diplomático.
Casos semelhantes já ocorreram neste ano. Em janeiro, o Irã libertou a jornalista italiana Cecilia Sala, em troca da repatriação do iraniano Mohammad Abedini, preso na Itália a pedido dos Estados Unidos.
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