A deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) continua detida por forças israelenses na prisão de Ketziot, localizada no deserto de Neguev, após recusar assinar uma documentação de deportação acelerada, segundo informou sua assessoria neste sábado (4). O documento fazia parte de um procedimento usado por Israel para expulsar estrangeiros de forma simplificada, sem a necessidade de audiência judicial.
A parlamentar integrava a flotilha internacional que tentou furar o bloqueio naval e terrestre feito por Israel com o objetivo de impedir o contrabando de armas para o grupo terrorista Hamas em Gaza. O objetivo do grupo de ativistas seria levar comida e mantimentos para a população civil.
De acordo com sua equipe, Luizianne considerou o documento imposto pelas autoridades israelenses “abusivo” e decidiu não assiná-lo por solidariedade aos demais brasileiros que também rejeitaram a deportação.
“Por sua trajetória na defesa dos direitos humanos, entendeu que sua responsabilidade ia além de sua própria situação — estando em solidariedade e unidade com os demais membros da delegação brasileira que não assinaram o documento”, afirma nota divulgada pela assessoria da deputada.
As audiências judiciais que analisam as prisões dos estrangeiros detidos estão previstas para ocorrer ainda neste sábado. O comunicado da parlamentar cobra a libertação imediata dos brasileiros: “Exigimos que o governo de Israel liberte imediatamente as brasileiras e os brasileiros detidos ilegalmente.”
Em relato publicado nas redes sociais no dia 30 de setembro, a deputada afirmou que saiu da Sicília no dia 13 de setembro com destino a Gaza. Após ser detida por militares israelenses em uma embarcação, na última quarta-feira (1º), a deputada afirmou ter sido vítima de um suposto sequestro.
Forças israelenses afirmaram que os navios foram interceptados e os ativistas detidos sem que ninguém ficasse ferido. Os integrantes da flotilha foram sendo levados para portos israelenses e aguardam serem deportados do país.
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A assessoria de Luizianne também manifestou “preocupação com relatos de que parte do grupo estaria sendo privada de água, alimentos e medicamentos”, o que configuraria violação a normas internacionais de direitos humanos e ao direito humanitário que protege missões civis e de ajuda humanitária.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, oito brasileiros se recusaram a assinar a documentação exigida por Israel. Entre eles estão o ativista Thiago Ávila, a vereadora Mariana Conti (PSOL-SP), a deputada Luizianne Lins e a presidente do PSOL no Rio Grande do Sul, Gabi Tolotti.
Diante da situação, quatro brasileiros iniciaram uma greve de fome dentro da prisão: Thiago Ávila, João Aguiar, Bruno Gilga e Ariadne Telles. No total, 14 brasileiros participaram da missão humanitária que partiu do Brasil com destino à Gaza.
Deportação e reações internacionais
As autoridades israelenses já deportaram o primeiro integrante da delegação. O brasileiro Nicolas Calabrese, professor de Educação Física e militante do PSOL, foi enviado à Turquia. Ele possui cidadanias argentina e italiana, e, segundo informações, o consulado italiano em Israel custeou sua passagem.
A ativista Greta Thunberg, que também integrava a flotilha, relatou a autoridades suecas estar sendo tratada de forma severa sob custódia israelense. Segundo um representante da Suécia, Greta afirmou estar presa em uma cela infestada de insetos, com pouca comida e água.
Apesar das denúncias, membros da embaixada brasileira em Tel Aviv informaram que os brasileiros detidos estão em boas condições físicas.
“Todos afirmaram estar bem e demonstraram resiliência emocional diante da situação”, diz o comunicado oficial divulgado ontem.
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