O ministro da Justiça e Segurança Pública Ricardo Lewandowski disse nesta quarta-feira (1º) que o Brasil sofre há algum tempo com os “influxos do exterior” da política e da geopolítica internacional, especialmente em ações recentes que atentaram contra as instituições republicanas.
Segundo o ministro, tanto o golpe de 1964 que conduziu os militares ao poder, quanto outros episódios recentes são exemplos desses “influxos do exterior” na democracia brasileira.
“Não é de hoje que a democracia brasileira sofre os influxos da política ou da geopolítica internacional. Eu gosto de lembrar o golpe de Estado 1964. Claramente houve ingerência de uma potência estrangeira e também, recentemente, a prática política que tivemos em nosso país, não necessariamente democrática, e posso afirmar, atentatória contra às instituições republicanas, teve um claro influxo do exterior”, declarou Lewandowski em seminário realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em Brasília, sobre os desafios do Estado de Direito na Era Digital.
O ministro evitou fazer uma referência clara a países ou governos específicos para “evitar uma gafe diplomática”, mas disse que todos no auditório sabiam de quem ele falava.
“Como sou membro do governo não posso nomear aqui para não incidir numa gafe diplomática, mas todos sabem a quais países estou me referindo e a quais situações de retrocesso político estou me referindo”, afirmou.
Em sua exposição, o ministro explorou a formação e evolução do Estado de Direito ao longo da história e os desafios que o sistema enfrente diante das transformações digitais, com o monopólio de empresas de tecnologia.
Além dele, também participaram do evento o advogado-geral da União Jorge Messias e o ministro-substituto da instituição, Flavio Roman e a ministra substituta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Edilene Lôbo.
Antes de começar a sua exposição, Lewandowski, que se aposentou do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2023, cumprimentou as autoridades presentes e teceu elogios a Messias, que estava ao seu lado na bancada.
Segundo o ministro da Justiça, Messias tem as portas “escancaradas” na Corte pelo seu trabalho “excepcional” em uma pasta de difícil atuação. Diante da possibilidade de o ministro Luís Roberto Barroso antecipar a sua aposentadoria do STF, abre-se uma brecha para discussões sobre uma eventual indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nesse sentido, o advogado-geral da União aponta novamente como um dos possíveis nomes. Quando a ministra Rosa Weber se aposentou, em 2023, Messias chegou a ser cotado para a indicação, mas o então ministro da Justiça, Flávio Dino, acabou ocupando a cadeira de Weber.
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