InícioMundoUnião Europeia ainda gasta bilhões com energia da Rússia

União Europeia ainda gasta bilhões com energia da Rússia

Publicado em

SIGA NOSSAS REDES SOCIAS

spot_img

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pressionou durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (23) a União Europeia a eliminar de vez a compra de petróleo e gás da Rússia, colocando esse passo como pré-requisito para que Washington imponha novas tarifas pesadas contra Moscou, o que, segundo a Casa Branca, poderia encerrar de forma definitiva a guerra na Ucrânia.

“Caso a Rússia não esteja pronta para fazer um acordo para acabar com a guerra, então os Estados Unidos estão totalmente preparados para impor uma rodada muito forte de tarifas poderosas, que acredito que parariam o derramamento de sangue muito rapidamente. […] Estou pronto para discutir isso [o fim das importações de energia por parte dos países da UE]. Vamos discutir hoje com as nações europeias reunidas aqui. Tenho certeza de que estão animadas para me ouvir falar sobre isso. Mas é assim que é”, declarou.

Mesmo sob ameaça russa, países da União Europeia importaram 21,9 bilhões de euros em combustíveis fósseis da Rússia entre fevereiro de 2024 e fevereiro de 2025, segundo a organização Centre for Research on Energy and Clean Air (CREA). O volume foi apenas 1% menor em comparação com 2023, e o valor superou a ajuda financeira enviada a Kiev em 2024, que somou 18,7 bilhões de euros. Na prática, os governos europeus pagaram mais ao Kremlin em petróleo, gás e carvão do que transferiram em apoio direto à Ucrânia, alvo da invasão russa.

A participação russa no abastecimento europeu caiu desde 2021, quando o gás de Moscou respondia por 45% do consumo da UE. Em 2024, essa fatia foi reduzida a 19%. No caso do petróleo, a presença recuou para 3%, resultado de sanções e diversificação de fornecedores como Estados Unidos e Noruega. Ainda assim, um quarto das receitas de exportação de energia da Rússia segue vindo da Europa, o que significa que o bloco continua injetando bilhões que ajudam a financiar a máquina de guerra do Kremlin.

Os maiores compradores de energia russa dentro do bloco continuam sendo Hungria e Eslováquia, que recebem petróleo e gás pelos oleodutos e gasodutos Druzhba e TurkStream. Já na Europa Ocidental, França, Bélgica, Espanha e Países Baixos concentraram cerca de 80% das importações de gás natural liquefeito (GNL) russo em 2024, movimentando 7 bilhões de euros – um aumento de 9% em relação a 2023, de acordo com o CREA. Outros países, como Áustria, Itália e Grécia, ainda mantêm volumes menores.

A Comissão Europeia estabeleceu como meta encerrar todas as importações de combustíveis fósseis russos até 2027 ou 2028, mas enfrenta resistência de governos do Leste Europeu, especialmente Hungria e Eslováquia. Os Estados Unidos ja haviam intensificado no começo deste mês a pressão por cortes mais rápidos, enquanto a Polônia, país da UE que recentemente foi alvo de uma incursão aérea russa, defendeu antecipar o fim das compras de petróleo do Kremlin para 2026.

Pressão dos EUA e dependência de Moscou reacende aposta da UE no nuclear

A pressão de aliados e a persistente entrada de bilhões nos cofres do Kremlin reforçaram a urgência de a União Europeia encontrar alternativas seguras de abastecimento. Esse cenário reacendeu o debate sobre a importância da energia nuclear – até então ofuscado pela prioridade dada à expansão da chamada “energia verde” no bloco.

O setor de energia nuclear já é parte relevante da matriz energética europeia: segundo a Eurostat (serviço de estatística do bloco), 12 países da UE operavam cerca de 100 reatores nucleares no ano passado, responsáveis por 25% da eletricidade do bloco.

Diante da necessidade de garantir segurança energética e reduzir de vez a dependência de Moscou, países europeus que antes planejavam reduzir ou abandonar o nuclear passaram já estão começando a rever suas posições. A Bélgica, por exemplo, revogou no começo deste ano a lei de 2003 que previa o fechamento gradual das usinas nucleares no país. A Alemanha, que havia desligado seus últimos reatores em 2023, voltou a discutir a inclusão do nuclear no mesmo patamar das renováveis na legislação europeia.

Já a Itália definiu 2032 como meta para reintroduzir a geração nuclear, e a Dinamarca, que proíbe essa fonte há 40 anos, iniciou estudos para avaliar os chamados reatores modulares pequenos (SMRs).

@jornaldemeriti – Aqui você fica por dentro de tudo.
Fala com a gente no WhatsApp: (21) 97914-2431

Artigos mais recentes

Maior exportadora chinesa de automóveis, Chery faz estreia em alta na Bolsa de Hong Kong

As ações da Chery Automobile subiram acentuadament... @jornaldemeriti – Aqui...

Petro critica Trump e pede ação penal por ataques no Caribe

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, criticou duramente o governo dos Estados Unidos e...

MP Eleitoral dá parecer favorável para criação de partido do MBL

A Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) se manifestou, nesta terça-feira (23), a favor da criação do...

Em meio às negociações sobre anistia, Barroso recebe cúpula do Congresso para jantar | Política

Em meio às negociações para um projeto de revisão de penas para...

MAIS NOTÍCAS

Maior exportadora chinesa de automóveis, Chery faz estreia em alta na Bolsa de Hong Kong

As ações da Chery Automobile subiram acentuadament... @jornaldemeriti – Aqui...

Petro critica Trump e pede ação penal por ataques no Caribe

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, criticou duramente o governo dos Estados Unidos e...

MP Eleitoral dá parecer favorável para criação de partido do MBL

A Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) se manifestou, nesta terça-feira (23), a favor da criação do...
Abrir bate-papo
1
Olá
Podemos ajudá-lo?